Por:
Alen Henriques
“A crise da água é uma crise ecológica com causas comerciais, mas sem soluções de mercado. As soluções de mercado destroem a terra e agravam a desigualdade. A solução para uma crise ecológica é ecológica, e a solução para a injustiça é a democracia...” (SHIVA, VANDANA. As Guerras por Água: privatização, poluição e lucro. São Paulo: Radical Livros, 2006, p.32.
Depois de um tempo de esquecimento, após ter sido discutido e rejeitado pela Câmara Municipal, voltou a ser comentada nas ruas da cidade a possibilidade de se passar, para a empresa estadual, o serviço de tratamento e distribuição de água em nosso município.
A maior parte da população de nossa cidade sabe da necessidade de se pensar na questão da ampliação da oferta e na distribuição e, é claro, na qualidade da água ofertada em nosso município. As pessoas que moram nas partes mais altas sabem melhor ainda, ainda mais em períodos de festas como carnaval e exposição. Nestes períodos, por falta de planejamento e responsabilidade, a cidade se vê em uma situação que beira o caos, algumas casas chegam a passar mais de quatro dias sem receber água.
Fica, todavia, algumas perguntas: De quem é a culpa? Qual é a solução?
Para alguns, talvez a maioria, a culpa é daqueles que desperdiçam água e não pensam nos outros... Para outros, provavelmente uma minoria, a culpa é da ausência de investimentos nos últimos anos por parte da Prefeitura, a cidade cresceu e não se investiu na melhoria do sistema.
Para alguns, talvez também para a maioria, a solução para o problema seja a passagem (ou entrega) do sistema para a empresa estadual. Outros, provavelmente também uma minoria, defendem que a Prefeitura faça aquilo que deveria ter sido feito nos últimos anos: ter investido no aumento e na qualidade do sistema.
Não adianta simplesmente entregar um patrimônio que é público e valioso, pensando que todos os problemas serão resolvidos. Isso chega a ser um afronta a nossa inteligência. Nosso ribeirão está definhando, lixo se acumula em suas margens... O leito está em estágio avançado de assoreamento e, o pior, aqueles que deveriam fiscalizar e dar exemplo, são os que mais contribuem para o assoreamento (o aterro próximo ao matadouro é um dos muitos exemplos).
A empresa estadual vai resolver os problemas ligados à poluição, ao assoreamento, ao descaso de nossos governantes? Essa é uma pergunta, a meu ver, ainda sem resposta...
Devemos lembrar que ao dar banho em uma criança devemos jogar apenas a água suja fora. A criança deve ser preservada...
A água, assim como o ar é um patrimônio de todos. Nosso sistema de abastecimento é uma conquista e um patrimônio de todos, construído com recursos públicos.
A solução de nosso problema, concordando com Vandana Shiva, está na democratização das decisões, na transparência e não em decisões de gabinetes pessoais, que não levam em conta os interesses e as necessidades da população.